#4 Uma nação de duas



 Quando eu li pela primeira vez a frase: "Uma nação de duas", ela era uma clara e simplória dedicatória de Záfon para sua MariCarmen, em "O Jogo do Anjo", logo que li fiquei tentando analisar porquê ele usaria apenas estas poucas palavras para dedicar uma obra inteira. 

 É certo que muitas pessoas se fascinam por livros, assim como eu também me fascino e, na verdade, sou fascinada. Ao ler eu procuro fazer uma leitura completa, capa a capa, incluindo até mesmo dedicatórias, agradecimentos e sumário, e tenho incrível capacidade de sentir que se deixar de ler alguma dessas partes eu não estarei lendo direito, é como se eu estivesse quebrando uma regra e além do mais eu me sinto como se os personagens se decepcionassem com a leitura que estou fazendo. SIM, sei que parece só mais uma neura, ou frescura, mas na minha percepção, na minha pele, isso incomoda e chega a atormentar e atrapalhar a leitura.

 Carlos Ruiz Záfon é meu escritor vivo, rs, favorito. Ele foi nada mais do que o responsável pelo início de minha desvairada paixão por Barcelona e seus mistérios em meio a penumbra das madrugadas e personagens tão amáveis e sombrios que você passa a amá-los e temê-los na mesma proporção. Todo esse amor começou quando li "A Sombra do Vento" lá pelo ano de 2009 e desde então Záfon tem sido o alvo de minha coleção. Hoje essa é a minha coleção: "A Sombra do Vento", "Marina", "O Jogo do Anjo" e "O Prisioneiro do Céu", faltando-me somente "O Palácio da Meia-Noite", recém publicado e que ainda não chegou ao Brasil, mas espero ansiosa.




 Porém voltemos a "meditar" na frase impactadora em questão (...)

"Uma nação de duas"
 Ao ler pela primeira vez, fiz duas suposições, a primeira que a frase se tratava de uma crítica bem elaborada e a segunda que era um elogio tão sublime que não seria tão fácil de decifrar.
 Por que crítica? Caracterizei crítica pelo pouco número de palavras usadas, pensei que uma dedicatória levaria no minimo sete linhas e ainda imaginei que "ser nação de duas" era complicado demais.
 Por que um elogio? Possuir mil é uma utilidades é característica de quem é líder de si mesmo e de quem não se abate em qualquer tombo. Acredito que ser "mais" lhe permite mudar e se adaptar.

 Claro que a resposta verdadeira para o por quê, eu não tenho. Mas não seja por isso...
 "Ao nascer nação de duas ficou explicito o quanto iria me surpreender como seus feitos. Talvez na sua adolescência e até mesmo na fase mais infantil, você mostrou que poderia e saberia cuidar muito bem daquilo que era você. Não que por vezes você não tenha pedido para tudo passar logo, ou que mil vezes tentou desistir no meio do caminho, mas ser uma nação de duas é mais do que complexo é inteiramente incrível. Você consegue ensinar e aprender sobre amor, ensinar e aprender sobre a arte da seriedade, mas acima de tudo, ser nação de duas significa que jamais você se esgotará em si, pois todos os dias tem o poder de se reinventar."
 Não posso dizer que era isso que Záfon pretendeu passar, mas seria assim que eu esperaria SER NAÇÃO DE DUAS.

xx BrunnaNeves xx

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